quinta-feira, 10 de junho de 2010

HOJE DECIDI


Hoje decidi, que decidi te esquecer.


Mas como posso, se tudo me lembra você?

A casa sente falta dos seus passos e até o espelho não quer mais refletir.

A cama vazia dobrou seus espaços, me negando o doce esquecimento de dormir.

Insiste em lembrar-me a cada momento, seus braços, onde repousava meu amor e meus cansaços.


Mas entenda bem, hoje eu decidi que decidi te esquecer.


Escuta?

O silencio grita o teu riso, e ecoam ainda nas paredes, teus gemidos de prazer.

Sala, quarto, cozinha, cada canto que era nosso, e até a velha poltrona onde lias, hoje se encolhem aos meus olhos opacos, por não mais te ver.

O cinzeiro vazio, parado, parece exalar a fumaça do cigarro, que antes eu insistia em impedir.

Agora, cruel ironia, fico olhando fascinada e o toco lentamente, como se fosse sagrado o que antes nada valia.

Sinto nos lençóis lavados o teu cheiro almiscarado, como se em minha pele para sempre tivesses ficado.

Marcada.

Tatuada com tinta invisível, enquanto desenhavas meus contornos com dedos de artista.

Mas agora vês?


Hoje decidi, que decidi te esquecer.


.


J’amour

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