domingo, 23 de maio de 2010

CICATRIZES




Olha-me por dentro.
Despe-me.
Sou só uma imensa ferida.
Carne viva, me falta tempo para cicatrizar.
Olha-me sem medo.
Verás apenas uma alma a sangrar.
Corta-me com a fria lâmina do punhal.
Sou apenas mais uma. Mais um corpo.
E agora que estou aberta serve-te à vontade.
Degusta meus desejos.
Arranca meus sonhos.
Acabe com qualquer esperança.
Elimine qualquer vontade.
Saqueia tudo de mim.
Assim quem sabe não acredite mais.
Em mais nada.

Hoje depois de tudo eu me vejo.
Olho meu reflexo no espelho.
Cicatrizes serpenteiam à deriva.
E mesmo sabendo que não posso.
Não devo.
Não quero.

Continuo a acreditar.

.

J’amour

2 comentários:

  1. Hemorrágico amor, pulsando intenso na tua poesia.

    Parabéns,poeta.

    Adoro ler-te!

    bjos

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  2. Me identiquei muto com essa sua poesia... porque eu também sou assim... sempre continuo a acreditar... Fiquei mais sua fã... Um grande beijo,Vanessa

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